MOOC - História
Os criadores do conectivismo como sendo uma nova teoria de aprendizagem, George Siemens e Stephen Downes, em 2008 para ampliar a discussão sobre a sua polêmica teoria ofereceram um curso sobre “Connectivism and Connective Knowledge” (Conectivismo e Conhecimento Conectivo) para 25 alunos pagantes da Universidade de Manitoba(Canadá) e para outros 2300 estudantes que puderam participar do curso gratuitamente pela internet ao longo de 12 semanas.
Essa iniciativa foi chamada de MOOC – Massive Open Online Course - por Dave Cormier, Gerente de Comunicação na Web e Inovações na Universidade de Prince Edward Island, e pesquisador Senior do Instituto Nacional de Tecnologia na Educação Liberal.
Antes do advento da era da informação, a educação a distância surgiu através dos cursos por correspondência, via TV e formas primitivas de e-learning. Por volta do ano de 1890 cursos por correspondência especializados em assuntos como testes para concursos públicos eram promovidos e vendidos porta a porta nos Estados Unidos.
Em 1920, nos Estados Unidos, mais de 4 milhões de americanos — significativamente mais do que a população do ensino superior na época — estiveram matriculados em algum tipo de cursos técnicos a distância, com uma taxa de sucesso inferior a 3%.
Em 1920, quando o Rádio era considerado a mais avançada tecnologia de comunicação em massa, as Universidades dos Estados Unidos rapidamente definiram concessões relativas às frequências de rádio. Em 1922, a Universidade de Nova York, pôs em operação sua própria estação de Rádio, com planos de difundir através dela os mais diversos conteúdos. Outras universidades acompanharam tal movimento, incluindo Columbia, Harvard, Kansas State, Ohio State, NYU, Purdue, Tufts, e as Universidades de Akron, Arkansas, California, Florida, Hawaii, Iowa, Minnesota, Nebraska, Ohio, Wisconsin, and Utah.
Ainda em 1920, o jornalista americano Bruce Bliven ponderou em rede nacional: "Estaria o rádio se tornando a espinha dorsal da educação a distância? A sala de aula será abolida e as crianças do futuro serão alimentadas com fatos enquanto permanecem sentadas em casa ou, até mesmo, enquanto andam pelas ruas com seus receptores de rádio nos bolsos?". Nesta época, os números de estudandes que liam livros de texto e participavam de aulas a distância, porém a taxa de rejeição de tais cursos eram relativamente alto. Além disso, a tutoria através deste meio era difícil devido a distância. Em 1940, 20 anos depois, os cursos via rádio praticamente sumiram. A instituição australiana conhecida como Escola dos Ares utilizou a tecnologia de rádios bidirecionais para ensinar crianças em locais remotos em 1951.
Filmes falados foram a tecnologia do momento entre as décadas de 1930 e 1940. Filmes foram utilizados para treinar milhões de recrutas americanos sobre o uso e operação de diversos equipamentos durante a segunda guerra mundial. Diversas universidades televisaram aulas no fim da década de 1940 na Universidade de Louisville. Na década de 1980, diversas universidades foram conectadas a outros campus através de vídeos de circuito fechado para o lecionamento de cursos avançados a pequenos grupos de alunos. Em 1994, milhões de universidades já ofereciam programas de graduação a distância com mais de 150 cursos superiores.
O ano de 2012 ficou conhecido como o "Ano dos MOOCs" pois diversas iniciativas alavancadas por investimentos e associadas com universidades bem conceituadas sugiram. Exemplos são Coursera, Udacity e edX.
Em outubro de 2011 a Universidade Stanford lançou três cursos e, cada um deles, alcançou a marca de 100.000 inscritos. Com a grande aceitação de tais cursos Daphne Koller e Andrew Ng deram início ao Coursea. Alavancados pela tecnologia já desenvolvida em Stanford, o Coursera tornou público dois cursos: Aprendizagem de máquina, lecionado por Andrew Ng e Banco de dados, lecionado por Jennifer Widom. Posteriormente o Coursera anunciou parcerias com diversas universidades, incluindo a Universidade da Pensilvânia, Universidade de Princeton e Universidade de Michigan.
Preocupado com a comercialização da educação online, o MIT lançou a plataforma sem fins lucrativos chamada MITx poucos meses depois como um esforço para desenvolver uma plataforma grátis e livre. A Universidade Harvard apoiou a iniciativa e se juntou ao projeto, que passou a se chamar edX. Pouco tempo depois a Universidade da Califórnia também adotou a plataforma. Atualmente a iniciativa conta com o apoio também das universidades do Texas, Wesley College e Universidade de Georgetown.
Em novembro de 2012, o primeiro MOOC voltado para o ensino médio foi lançado nos Estados Unidos pela Universidade de Miami. O curso foi voltado para estudantes de ensino médio em preparação para o exame SAT para biologia. Nesta época o Wedubox, o primeiro grande MOOC em espanhol, deu início ao seu primeiro curso, contando com mais de 1.000 professores.
Destaca-se que apesar dos MOOC apresentarem alta taxa de matrículas também apresentam alto índice de abandono. Na Universidade de Duke, por exemplo, menos de 2% dos 180.000 inscritos completaram o curso de Lógica e Argumentação ofertado entre 2011 e 2012.
No Brasil, a primeira iniciativa MOOC foi lançada pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) em 14 de junho de 2012 com o nome Unesp Aberta. A plataforma disponibiliza gratuitamente os conteúdos e materiais didáticos dos cursos de graduação, pós-graduação e extensão da Universidade, elaborados em formato digital em parceria com o Núcleo de Educação a Distância da Universidade (NEaD) para qualquer pessoa com acesso a Internet no Brasil e no mundo. Estes materiais são organizados em cursos completos e livres, sem certificação ou assessoria pedagógica, e estão divididos em áreas do conhecimento e temas abordados. Os 70 cursos disponíveis possuem conteúdos como videoaulas, textos, atividades, animações, apostilas e softwares educacionais de disciplinas das áreas de Humanas, Exatas e Biológicas, que estão hospedados no Acervo Digital da Unesp. A Unesp Aberta reúne, também, 196 e-books do selo Cultura Acadêmica (iniciativa da Editora Unesp e da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da Unesp) e o acervo da biblioteca digital – que agrupa materiais pertencentes aos centros de documentação da Universidade e do sistema de bibliotecas. Mais de 37.400 pessoas já se inscreveram para realizar um destes cursos e a plataforma já foi visualizada mais de 1 milhão e 600 mil vezes. O primeiro MOOC em língua portuguesa foi o MOOC EaD , sobre Educação a Distância, coordenado pelos professores brasileiro João Mattar e português Paulo Simões com o apoio do TIDD - Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e da ABED - Associação Brasileira de Educação a Distância, realizado no segundo semestre de 2012, mas que não ofereceu certificação. De Abril a Junho de 2013, João Mattar coordenou o MOOC LP (Língua Portuguesa), que teve 5.100 inscritos e certificação emitida pela ABMES - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior.
Em seguida, foram lançados MOOCs com certificação pela Universidade de São Paulo (USP) em junho de 2013 em parceria com o portal brasileiro Veduca com dois cursos MOOC: Física Básica, do professor Vanderlei Salvador Bagnato, e Probabilidade e Estatística, dos professores Melvin Cymbalista e André Leme Fleury. Os estudantes que desejarem obter um certificado precisam fazer uma prova presencial. Nas duas primeiras semanas desde o lançamento, que aconteceu na Escola Politécnica da USP no dia 12 de junho de 2013, os dois cursos receberam inscrições de mais de 10.000 estudantes.
Nas práticas no campo três organizações, Khan Academy, Universidade Peer-to-Peer (P2PU) e Udemy também são vistas como iniciativas similares a MOOCs porém diferem por trabalharem de forma independente ao sistema de ensino superior. Estas iniciativas proveem aulas individuais nas quais os alunos estão aptos a seguir o curso no seu próprio ritmo e de forma assíncrona com os demais estudantes.
Devido a escala massiva de estudantes e à alta razão entre estudante-professor, os MOOCs requerem que o Design Instrucional permita interações e feedback em larga escala. Existe duas abordagens principais para atingir este objetvo:
- Interação e feedback orientados a Crowdsourcing
- Feedbacks automatizados através de definição de objetivos, exames online, etc.
MOOCs conectivistas se apoiam na primeira abordagem; MOOCs de broadcast tal qual os oferecidos pelo Coursera ou Udacity seguem a segunda.
Uma vez que MOOCs criam uma forma de conectar aprendizes e professores de diversas áreas de conhecimento, algumas abordagens de Design Instrucional procuram maximizar as oportunidades de interconexão e pessoas. Tais abordagens podem incluir, por exemplo, a construção do próprio MOOC de forma coletiva.
A evolução dos MOOCs também tem causado a inovação dos materiais instrucionais. Uma tendência na área é o uso de livros-texto não tradicionais, tais como graphic novels, para aumentar os níveis de retenção dos alunos. Alguns veem a possibilidade de utilizar vídeos e outros materiais produzidos para MOOCs se tornarem uma nova forma moderna de livros-texto.
Custo instrucional da distribuição
Em 2013 o Jornal da Educação Superior entrevistou 103 professores que ensinaram em MOOCs. "Tipicamente um professor gasta algo em torno de 100 horas no desenvolvimento do MOOC antes mesmo dele começar. Este tempo é gasto na gravação de vídeos e outros tipos preparativos". Os professores, após o início do curso, gastam entre 8 e 10 horas por semana participando de fóruns de discussão e postando materiais.
Em média foram: 33.000 alunos matriculados no MOOC; 2.600 concluiram o curso; e um professor assistente ajudando com o desenvolvimento da aula. 74% das aulas utilizaram notas automáticas e 34% utilizaram avaliações par-a-par. 97% usam vídeos originais no curso, 75% utilizam recursos educacionais abertos.
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