segunda-feira, 30 de maio de 2016




Flipped classroom: invertendo a maneira de ensinar








A aula expositiva tem sido uma das principais estratégias pedagógicas em todo o mundo, desde que o método foi consolidado pelos jesuítas na Idade Média. 

Mesmo com a introdução de outras metodologias, baseadas em autores como Jean Piaget, e o crescente uso de ferramentas de tecnologia educacional, as aulas expositivas continuam presentes no cotidiano das escolas.Seguindo esse conceito, o professor entra na sala e expõe o conteúdo de uma disciplina para os alunos, que fazem anotações e perguntas. 
No final da aula, o professor passa a lição de casa. 
Na aula seguinte, após a correção das tarefas, o professor faz outra apresentação e assim sucessivamente, até a conclusão do curso.Recentemente, porém, um método que inverte esta lógica tem sido adotado por professores. É o flipped classroom ou sala de aula invertida.

Explicação em casa e atividade em sala de aula



No formato de aula invertida, o professor grava vídeos de curta duração (5 a 15 minutos) em que apresenta os conceitos fundamentais de um determinado conteúdo. Os alunos assistem às apresentações fora da sala e do período de aula – em casa ou na própria escola, caso não tenham computador ou acesso à web. Na aula seguinte, os estudantes usam os conceitos apresentados no vídeo para solucionar problemas, com a ajuda do professor e de seus colegas. Assim, o que é entendido como aula no esquema tradicional (a exposição de conceitos) transforma-se em “lição de casa”, e a resolução de questões para aprofundamento e sistematização, antes feita em casa, passa a ser a uma das atividades em sala de aula.
flipped classroom começou a ganhar forma em 2007 pelos professores norte-americanos Jonathan Bergman e Aaron Sams, que gravaram algumas apresentações para estudantes que haviam faltado à escola. Como as aulas estavam disponíveis na internet, outros alunos, de outras escolas, assistiram também. Isso chegou ao conhecimento de outros professores, que adotaram o método e passaram a gravar seus próprios vídeos.
A união de tecnologia educacional e atividades de aprendizagem nesse modelo permite que os alunos vejam as aulas no seu próprio ritmo, pausando para fazer anotações ou retrocedendo a gravação se não entenderem alguma explicação, por exemplo. Além disso, caso os vídeos estejam disponíveis em uma plataforma voltada ao aprendizado, como os portais Aprende Brasil e Educacional, eles podem interagir com colegas e professores. A sala de aula transforma-se em um ambiente realmente colaborativo, permitindo maior interação com o professor e também entre os alunos, favorecendo a apreensão do conteúdo e o engajamento dos estudantes no processo de aprendizagem.
Sucesso entre alunos e professores
A adoção da flipped classroom tem demonstrado bons resultados. Estudo realizado com alunos de primeiro ano em uma escola de ensino médio no estado de Michigan (EUA) mostrou que o método reduziu significativamente a reprovação em inglês (de mais de 50% para 19%) e matemática (de 44% para 13%), diminuindo também o número de problemas disciplinares.
No Brasil, uma pesquisa conduzida por Parahuari Branco e Luana Wünsch, da divisão de Tecnologia Educacional da Positivo Informática, avaliou a utilização da flipped classroom em duas escolas particulares, que envolveu  210 estudantes, um professor de ciências e dois professores de história. Em cada escola, foram selecionadas classes da 8ª série: em uma delas, foi adotada a flipped classroom e, nas outras duas, manteve-se o método tradicional. Além de vídeos, foram usados outros conteúdos multimídia, disponibilizados no Portal Educacional.
Embora não tenha impactado diretamente o desempenho nas provas realizadas sobre os conteúdos trabalhados, a metodologia foi muito bem recebida por alunos e professores. Antes da flipped classroom, a lição de casa era considerada “chata”, e quase 40% afirmaram que as lições serviam apenas para estudar para as provas. O novo formato foi considerado mais “legal”, interessante e fundamental para as atividades realizadas durante as aulas, que passaram a ser mais “divertidas”.
Inicialmente preocupados com o planejamento das aulas no esquema de flipped classroom, os professores logo perceberam que ele os ajudava a organizar melhor o conteúdo e a otimizar o tempo em sala de aula. Resultado: mais tempo para explorar novos métodos e para interagir com os alunos e mais satisfação profissional.
“Num primeiro momento, acreditávamos que o foco da pesquisa da nova metodologia era a lição de casa, mas, ao longo da implementação do método, percebemos que isso era apenas o ponto inicial para a promoção de algo maior: o dinamismo em sala de aula”, afirmam os autores do estudo. Para eles, a flipped classroom é um bom formato de integração da tecnologia na educação e os principais destaques da sua adoção são a participação ativa dos estudantes no contexto da aprendizagem, a percepção do papel do professor como um facilitador e mediador efetivo da aprendizagem, apresentação e interação com os conteúdos em uma linguagem mais próxima dos alunos.

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