quinta-feira, 13 de junho de 2019



O BNCC e as tecnologias

Um dos assuntos que mais tem sido discutidos sobre a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) é o desenvolvimento das 10 competências que irão se articular na construção de conhecimentos, no desenvolvimento de habilidades e na formação de atitudes e valores dos alunos de Ensino Básico. Mas você já sabe quais são as competências tecnológicas da BNCC?


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Além das habilidades socioemocionais muito debatidas, essas competências também se diferenciam dos direcionamentos atuais de ensino. Nesse sentido, as novas relações de aprendizagem por meio da tecnologia ganham espaço expressivo em duas entre dez delas. Enquanto uma diz respeito ao digital como uma das linguagens a serem utilizadas, a outra foca totalmente no aprofundamento de seu uso com senso crítico.
Vale lembrar ainda que, quando consideramos o uso dos meios digitais hoje, esses dois itens são, na verdade, apenas o reflexo de uma realidade a qual o sistema de Ensino precisa se adaptar. A tecnologia não é de forma alguma novidade para os alunos da Geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, que hoje estão presentes nas salas de aula.
Considerados nativos digitais, ou seja, pessoas que já nasceram lidando com os diversos meios digitais e internet no cotidiano, essas crianças e adolescentes pertencentes a Geração Z, já não enxergam a realidade de maneira separada do mundo virtual. Para eles, mundo online e off-line funcionam como camadas sobrepostas para assimilar conhecimentos, atitudes e relações interpessoais.

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Hoje a BNCC apresenta dois itens que trazem a tecnologia como ferramenta para o desenvolvimento de habilidades humanas. São elas:
Competência 4: Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escrita),corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo.
Aqui, o digital aparece como uma das diferentes linguagens que necessita ser utilizada de forma híbrida a outras formas de comunicação. A competência relembra a importância de uma experiência mais completa através de diferentes formatos de expressão e plataformas. Hoje o ensino possui um foco maior na leitura e escrita, enquanto há tantas outras necessidades a se pensar.
Também fica nítido o quanto o digital não vem para substituir por completo a forma de se comunicar dos alunos. É preciso que eles encontrem uma maneira de absorver e sintetizar o conhecimento pelas diferentes linguagens, incluindo aquelas que são pouco exploradas, como a corporal, porém com propósitos definidos de aplicação prática.  O digital com certeza representa uma dessas linguagens, apenas não é a única.
Competência 5: Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Já a quinta competência que se segue à anterior, foca na tecnologia digital de maneira mais específica. Ao entender sua abrangência e inevitabilidade nas mais diversas circunstâncias, o item apresenta um objetivo de seu uso acompanhado de entendimento e responsabilidade.
Afinal, por maior que seja o senso de interatividade aparente, desenvolver o próprio protagonismo não só daquilo que chega, como do que é assimilado e transformado, é um dos grandes dilemas em uma era de excesso de informações e fontes tendenciosas que se apoiam no conceito de viralização.
Em essência, os dois itens têm forte ligação com as novas maneiras de se assimilar informação e se expressar com objetivos que impactem não só a realidade individual como a coletiva. Isso porque ao se pensar que a tecnologia possui uma cultura fortemente atrelada à internet e às interações em rede, as consequências do seu bom e mal-uso são facilmente amplificadas, o que reforça ainda mais a urgência da temática pelo viés do senso crítico que apresentam as duas competências da BNCC.

As metodologias e seu uso

Quando falamos nessas transformações, é inevitável pensar no campo prático de aplicação nas escolas. Sendo assim, se fazem necessárias a estruturação de 3 vertentes principais quando se pensa em tecnologia:

1. Recursos

O primeiro passo rumo à uma transformação tecnológica no ensino é o recurso. Não apenas de equipamentos eletrônicos como computadores e tablets, mas também de serviços como internet de qualidade.
Um ponto que se torna sensível, já que depende de fatores financeiros e reforça as diferenças entre ensino privado e público, por exemplo. Especialmente pensando na realidade do ensino público e na falta de estrutura dessas escolas no Brasil, estamos falando de um momento em que a necessidade de uma estrutura tecnológica é evidenciada.
O que não se pode confundir é o recurso com a metodologia de ensino e o próprio entendimento de uso que é reforçado pela BNCC. Salas com os melhores equipamentos não irão garantir a efetividade de um uso reflexivo, caso não haja professores qualificados para tal, assim como metodologias que reforcem determinadas habilidades.

2. Metodologias

Enquanto os recursos dizem respeito à equipamentos, a metodologia diz respeito ao formato. Hoje os meios digitais representam uma infinidade de possibilidades que precisam ser filtradas e adaptadas às realidades de ensino.
Nesse sentido um dos temas mais debatidos é o formato EAD (Ensino à Distância) enquanto apoio ao aprendizado em sala de aula. Em paralelo, existem também aplicativos e plataformas que podem ser usados até dentro da escola, onde o próprio material didático pode estar incluso. Um dos pontos positivos é o maior nível de interatividade, que permitem aos alunos explorar elementos visuais, sonoros e até sinestésicos.
Em última instância também se discute o uso livre da internet em função de pesquisas e estudos. O próprio modelo autodidata de pesquisa que a internet estimula abre espaço para a discussão do uso do celular em sala de aula de forma mais independente por parte dos alunos.
Em um mundo de constante transformações, novidades também surgem a todo momento e precisam ser adaptadas conforme as necessidades.
De acordo com o especialista em educação e tecnologia Marc Prensky, existem duas formas de envolver a tecnologia no setor, uma “trivial” e outra “poderosa”. Segundo ele: “A primeira é fazer as mesmas coisas que sempre fizemos, em novas formas – sempre escrevemos, agora temos um blog ou usamos teclado. Eu chamo de trivial, não porque não é importante, mas porque já fazíamos antes. E há as coisas que não podíamos fazer, que chamo de poderosas”, explicou citando chamadas de voz por IP, tweets, impressão 3D, inteligência artificial, jogos, simulações e robótica entre as formas “poderosas” de a tecnologia influenciar a educação.

3. Entendimento e Uso

Tanto os recursos quanto as metodologias devem ser guiados por propósitos de aprendizagem, que são justamente os pontos trazidos pela BNCC. Afinal a capacidade reflexiva por parte dos alunos é o que fundamenta o uso das tecnologias com coerência.
Aqui vale o reforço de que os impactos da comunicação digital se expandem para a vida pessoal e profissional muito além das salas de aula. A maneira como os estudantes de hoje enxergam essas relações com certeza terá consequências mais profundas em hábitos que hoje são muito mais espontâneos do que guiados.

Como começar?

Antes de entender quais mudanças fazer na sua escola, entenda os propósitos apresentados pela BNCC quanto à tecnologia. Apesar de não representarem nenhuma regra definitiva para os currículos, eles funcionam como norte de atuação por meio das competências.
Depois, analise recursos e metodologias que atendam a essas necessidades e de que forma eles se integram inclusive a outras competências da BNCC.

https://educador360.com/gestao/competencias-tecnologicas-da-bncc/

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